Palavras Inexatas

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Às vezes a palavra é teimosa e se recusa a fazer o sentido daquilo que se escreve, deixando a frase com a respiração ofegante, manca e atolada. 
Então a história tropeça, cambaleia e escurece em frente ao leitor.
Quem já tentou escrever sabe que este ofício não é isento de armadilhas.
Mas a primeira tentativa não pode virar a última, pois nada se compara à alegria de encontrar as palavras que acendem um texto.
O verbo, um soldado de inteligência humilde, pensa apenas nas imagens que despertam no fundo de si mesmas.
Na verdade, a palavra esconde uma esperança secreta, firmemente atrelada à letra: compartilhar os contornos de uma história que mereceram a atenção de alguém, mesmo que apenas a do escritor.
Além do gliter e paetês que atacam a nossa lucidez, a palavra, penso eu, nada mais quer além de gritar o silêncio daquilo que é escrito.
Ainda que incompleto e falho, é parte da gente. Uma parte que não sabe se explicar por ser inexplicavelmente incapaz.
Palavras viram janelas cujas paisagens mudam com a interpretação de cada leitor. 
E, mesmo de sentido inexato, brotam nossa inexatidão.
Atrelada à palavra necessita-se de algo que a suplante. 
Precisa-se de que a alma do leitor caminhe com a nossa.
 Alma... mas o que há de exatidão numa alma? 
Voltamos ao princípio dos erros.
Apenas escrevemos.
 Meio sem saber aonde ir. 
Algo nos compele a prosseguir.
Talvez cheguemos a lugares onde meras palavras não conseguem nos levar.

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jambelfort
www.livroabertonoescuro.blogspot.com
jamys2006@gmail.com

(Texto Registrado. Mencione minha autoria)

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