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Todo dia, meu velho ônibus azul lotado
Como bobo, sei de cor toda aquela paisagem
Tanta gente, a tão poucas reconheço
De passagem, observo o que fazem ao meu lado
Bom-dia, olhe-o-trôco, com-licença-meus-amigos
Mesmos rostos, mesma trivialidade
Raros passageiros, pertos e desconhecidos
Me ignoram, não me têm intimidade
Vários mundos, tanta coisa pra saber
Seguem mudos, textos não compartilhados
São ilhas, são mobílias a meu ver
Nem suspeitam, estão sendo analisados
Estamos juntos, atraídos pela gravidade
Estado grave, nos traímos separados
Bem ocupados, evitamos uns aos outros
De propósito, bem mal intencionados
Quando chegam, se misturam feito regra
Preço pago, se acomodam como podem
Pouco espaço, poupo, passo, louco fico
Luz vermelha, fique verde! Pneus, rodem!
Mais minutos, analiso os companheiros
Avisto amigos, minha minoria e trégua
Um sorriso, desses que me fecham os olhos
Trouxe alívio, mas me falta uma légua
Feito estalo, lembro da contagem regressiva
Minha descida, preciso a viagem aproveitar
Bela ideia, farei tudo o que agrada
Curto tempo, inesquecível vai ficar
Inclino minha cabeça
reconhecendo tua sabedoria, Senhor
Na verdade, este ônibus azul em que me amasso
Explico tarde, neste tempo que se encerra
São momentos, bons e maus, por quais eu passo
Metáfora boba, do meu azul planeta Terra
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jambelfort
www.livroabertonoescuro.blogspot.com
jamys2006@gmail.com
Texto Registrado. Mencione minha autoria)
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