Capitão

 


::.

I - Inspiração

Coleta, menino, palitos na rua
Encontra escondidos
Retira do chão
Coloca guardados na bolsa só tua
Não deixe perdidos
Nenhum é em vão

II - Criação

Agrupa palitos na mesa amarela
A cola transforma 
Um barco será
Remonta com pano simulando vela
Seguindo a norma
Que navegará

III - Desilusão

Acordando cedo
Tomou seu barquinho
Porém teve medo
Estava sozinho
Apontando dedo
Viu monstro marinho
Manteve segredo
Mudou seu caminho

IV - Lamentação

O pobre menino
Largou seu barquinho
Chorando sozinho
Sentou pequenino
"Sou só um tracinho
Não capitãozinho"

V - Anunciação

"A vida é combate", pobre menino
Não deves temer a imaginação
É dentro de ti que se muda destino
Enfrenta e lembra que és capitão

VI - Instrução

Coleta e esquece que a dor continua
Tesouro escondido
Não fica no chão
Coloca em atos na vida que é tua
Atenta o ouvido
Amplia a visão

VII - Missão

Reúna ensinos da vida tão bela
Aplica, transforma
E tu crescerás
Remonta teu plano, renova tua tela
Tua mente reforma
E tu vencerás

VIII - Renovação

Acordando cedo
Tomou seu destino
Não teve mais medo
Estava sorrindo
Apontando dedo
No alvo seguindo
Contou seu segredo
Seguiu seu caminho

IX - Disposição

O rico menino
Lançou seu barquinho
O rio ficou lindo
Singrou direitinho
Ficou repetindo
"Sou capitãozinho"

X - Transformação

"A vida é combate", ó bravo menino
Tu deves viver como inspiração
Lá fora, na rua, há outro franzino
Avisa que ele é um capitão

::.

jambelfort
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::.

Carta Certa Curta

::. 

Minha vida segue se escrevendo. 
Quer mais um pouco, mas está farta. 
Uma letra a mais é uma letra a menos. 
Ela é carta. 

Minha vida aguarda esse momento. 
Mais cedo ou mais rápido, tarde ou lento. 
Ponto final que me liberta. 
Ela é certa. 

Minha vida de tinta se desgastando. 
Alguns nem me leem, só ficam olhando. 
Últimas linhas que o tempo me furta. 
Ela é curt... 

::.

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::.

Palavras Inexatas

::.

Às vezes a palavra é teimosa e se recusa a fazer o sentido daquilo que se escreve, deixando a frase com a respiração ofegante, manca e atolada. 
Então a história tropeça, cambaleia e escurece em frente ao leitor.
Quem já tentou escrever sabe que este ofício não é isento de armadilhas.
Mas a primeira tentativa não pode virar a última, pois nada se compara à alegria de encontrar as palavras que acendem um texto.
O verbo, um soldado de inteligência humilde, pensa apenas nas imagens que despertam no fundo de si mesmas.
Na verdade, a palavra esconde uma esperança secreta, firmemente atrelada à letra: compartilhar os contornos de uma história que mereceram a atenção de alguém, mesmo que apenas a do escritor.
Além do gliter e paetês que atacam a nossa lucidez, a palavra, penso eu, nada mais quer além de gritar o silêncio daquilo que é escrito.
Ainda que incompleto e falho, é parte da gente. Uma parte que não sabe se explicar por ser inexplicavelmente incapaz.
Palavras viram janelas cujas paisagens mudam com a interpretação de cada leitor. 
E, mesmo de sentido inexato, brotam nossa inexatidão.
Atrelada à palavra necessita-se de algo que a suplante. 
Precisa-se de que a alma do leitor caminhe com a nossa.
 Alma... mas o que há de exatidão numa alma? 
Voltamos ao princípio dos erros.
Apenas escrevemos.
 Meio sem saber aonde ir. 
Algo nos compele a prosseguir.
Talvez cheguemos a lugares onde meras palavras não conseguem nos levar.

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Conversas Perfeitas...

::. 

Há conversas que nos inspiram 
Nos tiram os nós, nos fazem pensar 
Há conversas que nos transpiram 
Nos tiram de nós, nos fazem sonhar 

Há conversas que nos desnudam 
Nos tiram os sóis, nos fazem calar 
Há conversas que nos mudam 
Nos tiram a sós, nos fazem repensar 

Nem toda conversa se usa palavra 
Nem toda palavra se faz entendida 
Nem tudo que é dito converte-se em ouro 
Nem todo não-dito não é preenchido 

Há conversas que rimam-se às nossas 
Há conversas que trazem sentido 
Há conversas que enchem-nos os olhos 
Há conversas sem mal-entendidos 

Há conversas perfeitas 
De contar pr'o amigo 
De guardar escondido 
Nos deixam despidos 
Sentir borboletas (rimas em sumiço!) 

Ficamos perdidos 
Sorrisos constantes 
Conversas-amantes 
Nos tiram o fôlego 
Nos trazem alívio 
Nos deixam bem bobos 
E nos desafinam 

Estas conversas são partes da gente 
Perseguem-nos pelos caminhos 
Nunca começam pois nunca terminam 
Mesmo distantes nos aproximam 
O resto é conversa 

 ::.

Post-Scriptum: Há conversas que são geradoras de panapanás... Tão inteligentes, mas no ponto certo... Tão humoradas, mas no tom certo... E com um algo a mais, tão certo... Mas há também a pele, fundamental. Determinante, até. Juntas, então... Use a imaginação. Pensar, sorrir... viver.

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::.

Surpreender

::. 

Às vezes acordo debaixo da cama 
Tem dias que saio pulando a janela 
Nem sempre o sorvete que peço é doce 
Ontem jantei na tampa da panela 

Já tive cadela chamada Astolfo 
Sempre torci para times rivais 
Raramente respondo o que é pretendido 
Nunca beijei de dois jeitos iguais 

Tem vezes que canto em língua inventada 
Dificilmente me atrai o banal 
De vez em quando eu escrevo com a esquerda 
Com toda a certeza me sinto normal 

Frequentemente me chamam de estranho 
Talvez por viver da maneira que eu quero 
Sem dúvida alguma seguirei surpreendendo 
Vai que eu encontre a quem tanto espero...!? 

::.

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.::

Amor de Respostas Invertidas

::. 

Teus lábios que me acalmam dizem a quem amas 
"Eu" 

Em beijos me respondes se me sentes perto 
"Sinto" 

Um abraço cuja força grita o quanto queres 
"Muito" 

Este riso tão bonito me parece sonho 
"Mas não"

Eu dizia que te amo e me respondias 
"Amo mais... você"

Mas teus olhos falam coisas diferentes
Meus Deus o que será?
Os teus olhos olham tão indiferentes
Pode falar!

"Eu" "Sinto" "Muito" "Mas não" "Amo mais você"

(...) 

Teus lábios diziam ter um só destino 
"Eu" 

Você dizia que sentia ser pra sempre 
"Sinto" 

Se exibia revelando nossa historia 
"Muito" 

Este riso tão bonito me parece sonho 
"Mas não" 

Eu dizia que te amo e me respondias 
"Amo mais... você"

Mas teus olhos falam coisas diferentes 
Meus Deus o que será?
Os teus olhos olham tão indiferentes 
Pode falar! 

"Eu" "Sinto" "Muito" "Mas não" "Amo mais você" 

::.

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::.

Vivendo e Escrevendo

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Meus passos não passam de textos
Meus dias escrevem palavras
Momentos discorrem ligeiros
Meus erros nem são ortográficos

Minha vida transcreve pretextos
Minha fala tem metalinguagens
Meus medos não têm entrelinhas
Meus atos me são caligráficos

Minha terra é parágrafo torto
Mas jovens não devem ter margens
Meus gritos são substantivos
Mas orações são subordinadas

Minha morte é um futuro imperfeito
Meus tempos se perdem em frases
Minha fé discursa em silêncio
Mas muito de mim é linguagem

Meus textos não passam de passos

::.

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::.

Passado Requentado

::. 

Ela mal o encarava 
Talvez devido ao frio 

O beijo virado saudade 
A lágrima continuada 
O abraço um fenômeno raro 
A pele deserta maltratada 
O dorso adormece sozinho 
A púbis desacostumada 
O rosto esqueceu seu sorriso 
A unha sem tinta aparada 
O pêlo aguarda seu toque 
A trança desembaraçada 
O lábio tem nada de novo 
A língua tem gosto de nada 

Seu passado a visitou e confundiu seus sentimentos 
Para um amor novo se mostrou despreparada 
Imaginou-se ser capaz de sorrir por dois caminhos 
Mas dividida é idêntico a ser nada 

"O passado, às vezes, só é belo no passado" 
"Requentado, um café pode amargar" 
Frase velha que certeira feito regra fez sentido 
E perdido o novo amor foi lamentar 

(...)

Ela mal o encarava 
Talvez devido ao frio 
Mas como requentar um coração vazio?

::. 

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.::

U Q T APTS?

::.

Esconda teus acordes na sacola, jardineiro 
Poda sem poder tocar 
Da varanda não se ouve tuas notas, jardineiro 
Poda sem poder olhar 
Finja habilidade nessas plantas, jardineiro 
Poda sem poder falar 
Serenata inútil, vã e tola, jardineiro 
Poda sem poder cantar 
Ignora a terra que nem cuidas, jardineiro 
Poda sem poder mudar 
Ela só quer alguém pras flores, jardineiro 
Poda sem poder sonhar 
Aquela janela sempre te ignora, jardineiro 
Poda sem doer...? 

Que flor sabes nascer daí embaixo, jardineiro?
"Só quero me aproximar"
Tua música escondida vale a pena, jardineiro?
"Ela pode condenar"
Volta a ser quem és, não nega, não és jardineiro!
"Devo me denunciar?"
É pior que plantar flores tortas, jardineiro.
...É o mesmo que te mudar 

::. 

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.::

Alguém Não Gosta De Mim








::. 

Há uma criança na calçada
Ela senta calada
Descalça a sandália
Disfarça a dor
 
Pra gente que passa
Sorriso no rosto
Mas dentro amordaça
Um choro e temor
 
Lá dentro da casa
Irmãos se abraçam
Debruçam-se em pais
Que não querem ser um
 
Há uma criança na calçada
Ela espera cansada
Procura respostas
Se sente culpada
Meu pai não me ama?
(Resposta não dada)
 
Ela sente que o frio
Não vem lá de fora
Agora é o peito
Que chora
Que ora
Sozinha no vento
Lamento
Tormento
"Há alguém que lá dentro
Não gosta de mim"
 
Há uma criança na calçada
Não pode entrar
Mas ouve de fora
Alguém indo embora
E o adeus de um pai
Que não quis mais ficar
 
Que atravessa o portão
Apenas sai
Que nem olha seu filho
Andando vai
Que se afasta pra longe
Lágrima cai
Que Deus te abençoe
Adeus, meu pai

.::

[Nota do autor:] 
Meus pais se separaram quando eu tinha 13 anos. 
Minha irmã fazia 15 anos de idade. 
O amor não é um sentimento. 
É uma escolha. 
Uma atitude. 
Nem sempre tão fácil. 
Nem sempre a que escolhemos. 
O amor exige liberdade. 
Às vezes, renúncia. 
Nem sempre o recebemos, mas aprendemos que sempre vale a pena o dar.

::. 

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::.

Outra Cidade



::.

Deitada, mas meus pensamentos mal tocam o travesseiro.
Como se eu mesma não aqui estivesse. Se ao menos não estivesse...
Escondo minhas mãos do frio.
Nenhuma roupa aquece o bastante.
Se ao menos nem a tivesse... As luzes desta cidade não me atraem mais que os olhares.
Poucos aos meus. Não me trazem. Não são os teus. Pouco me valem.
Um pensamento antigo, desses que me coram, decora meu rosto, deixando nele um traço molhado de sal.
Nem ao menos me entristecem...
Tu me rodeias com o braço que me aquece.
Meu riso te encontra e se encosta ao teu.
E dança no teu.
Dois grãos de ousadia no vento.
Mas feito o vento frio que encontra folha seca e a leva, meus olhos encontram a cidade, vazia sem ti.
Revelo minhas mãos, em vão, são julietas sem balcão.
Por que não cortas o frio e te aproximas delas?
Estou pequena, com um sentimento que dá sombra a árvores.
Estou vestida, mas as nuvens não cobrem a lua para sempre.
Estou deitada, mas meus pensamentos mal tocam o travesseiro.
Eles apenas passeiam, sem pontas nas sapatilhas, na esperança de dançarem novamente ao som da tua voz.

::. 

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::.

Triste Separação

::.

Meus pais se separam 

Se param de amar 
Comigo deparam 
E param de andar
Nenhuma roupa aquece o bastante.

Separam sem pensar em mim 

Nem sempre me ouvem 
Defendem seus lados 
Nem ouvem meus sonhos 
Projetam isolados 
Desacostumados 
Nem sempre se olham 
Desejam-se errados 
Nem tenho dez anos... 

Não falam comigo 
Com medo reparo 
Declaro o conflito 
E aflito me calo 

Casaram pra pensar em mim 
Seu altar floria sem fim 
Seu ato feria seu sim 
Seria pra sempre assim? 

Meus pais se separam 
Se param de amar 
Disfarço e aprendo 
Me ponho a pensar 
Despeço o desprezo 
Também sei errar 
Desfaço a tristeza 
E passo a andar 

Caminho pra pensar em mim

::.

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::.

Amor: primeira vista

::.

Eu acredito em amor à primeira vista.

E acho que quem não acredita deveria ir se tratar.

Não me refiro àquela cena do cara que vê a garota e se apaixona.
Isso aí é mera atração, tipo a que sinto quando entro no AliExpress
ou quando vejo qualquer pudim na padaria.
Me refiro ao AMOR, carambas.
O amor não é um sentimento, "Ah, estou sentindo amor".
Não! O amor é uma ação. É uma escolha.
Não é um substantivo. É um verbo, pois ela indica AÇÃO.
Um amor não expressado simplesmente não é amor.
Um bolo só é bolo quando coloco a mão na massa.
Uma pessoa normal deveria expressar amor a todo momento.
Se eu quero que alguém me deixe feliz, preciso também querer que alguém fique feliz.
E isso é complicado, porque amar é algo muito difícil às vezes.
Aquele que inventou o amor, deu a ele uma característica:
tem que ser incondicional. E tem que ser minha única escolha.
Complicado e chato, porque nem todo amor é correspondido.
Esse cara que inventou o amor também deu a ele outra característica: a liberdade.
Ninguém é obrigado a me amar, mas preciso amar a todos.
Amar tem que ser meu estilo de vida.
Mas isso não faz de mim um santo:
o legal do amor é que não preciso gostar para amar.
Eu não tenho que gostar de todo mundo, muitas pessoas são chatíssimas.
Eu não tenho que gostar de quem me trata mal. Tô fora.
Mas tenho que amar. Tenho que QUERER o bem daquele serumaninho e FAZER o bem a ele.
Desejar que aquele filhodaputa perceba quão tolinho está sendo e mude pra melhor algum dia.
E seguir minha vida.
Amar é lembrar que eu já fui o filhodaputa pra alguém.
E preciso tomar cuidado pra que ninguém me faça de trouxa por eu escolher amá-lo.
Amar não é ser um babacão.
Amar é sempre querer o bem. E justamente por amar, e ME amar, tenho que ligar o sinal de alerta.
Às vezes amar é evitar ficar perto quando se sabe que a situação
não está preparada pra se estar junto ainda.
Por isso compreendo que, quando não há mais alternativas, é preciso deixar algo ir embora,
se isso é realmente para o bem de todos.
O amor não precisa ser um romance.
Às vezes a melhor forma das pessoas se amarem melhor é mudarem os planos.
E isso me aperta o coração. Pois o amor é algo perfeito praticado por imperfeitos.
O bagulho tem que ser perfeito e até inatingível, ao ponto de se chegar a dizer:
"Nada do que você me faça vai me fazer deixar de amar você. Minha mão sempre estará estendida".
Se for um objetivo atingível, vai me deixar prepontente e virarei um orgulhoso: "Sou fodão".
Que nada! Somos sempre aprendizes nisso. O amor é o caminho, não o destino.
Mas o amor também produz, cria laços. É algo que me faz sorrir, pois me melhora.
Ajudar a quem precisa, ainda que me custe algo, ainda que ele não me retribua nem agradeça, é positivo.
Se espero retorno, não é amor: é empréstimo. Amar é dar. É se doar sem se doer.
Às vezes esse amor gera um bom romance, por vezes uma grande amizade, noutras uma sensação incrível de
fazer parte de uma grande conspiração. Quem escolhe amar é tipo um alien nestes dias.
Justamente quando mais humanos somos, mais aliens nos tornamos!
"O amor é ação", eu já disse. "Tem que regar a plantinha continuamente", alguém já disse.
E é bem por aí mesmo. Amar tem que ser tão natural quanto enxergar.
O amor tem que existir desde a primeira vista.

::.


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::.


.S.A.U.D.A.D.E.


::.

Enquanto viajamos no ponteiro da vida,
somos abençoados com algumas ocasiões especiais,
quando nosso caminho cruza o de outro

...alma gêmea...

Aquela que, mesmo no primeiro olhar,
somos atraídos como se tivéssemos conhecido um ao outro desde sempre
No entanto, o nosso tempo juntos tende a ser breve

Na verdade,
pode nos ser concedido apenas um rápido olhar,
um ver com breves olhos,
em talvez aproveitar a oportunidade para trocar um comentário
destes assim, de passagem

Ou, em dias de sorte,
é-nos dada a oportunidade de partilhar uma conversa curta

No entanto,
nesses breves e leves momentos,
mas muito especiais,
que estranhamente
compartilham emoções
muitas
profundas e fortes:

...o calor da aceitação total...

...a surpresa de compreensão imediata...

...e de ser e estar compreendido...

...a abertura suave de confiança e carinho...

...e a sensação natural de que o tempo parou

Ah, se eu pudesse colocar o tempo em espera um pouco mais

Se pudesse o tempo permanecer neste estado,
onde a única realidade que importa é que nada mais importa

Mas o tempo só pára por um breve instante,
e então ele se move

E mais uma vez o momento de nossas vidas separadas
rudemente puxa nossos caminhos separados

E, muito em breve, aqui estamos nós...
Sozinhos novamente
Sozinhos com nossas vidas ocupadas.
Sozinhos com os nossos conhecidos frequentes
Sozinhos com os nossos sonhos do que poderia ter sido feito e dito

No final do nosso dia,
mesmo no final de nossa vida,
o que devemos valorizar mais?
Será que vai ser o nosso habitual dia-a-dia?
Será a existência?
A ocupação que consumiu as nossas vidas?
a multidão em torno de nós que nunca realmente se importou?
Ou será que vamos valorizar aqueles alguns espíritos afins e os breves encontros que tivemos?

...vontade...

Lamentamos tê-las deixado escapar,
e desejo que um de nós
- talvez os dois -
pudesse voltar o relógio e gritar:

Você significa muito para mim...
Espere só mais um pouco...

::.

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::.

Lado Errado da Sala

::. 

A sala, outrora vazia, agora abriga sete almas ansiosas, dentre as quais não me destaco. 
Fico aguardando meu nome ser chamado, registrando com os olhos os momentos que cavalgavam num leve tropear as minhas esperanças. 

Não distante de mim, outra alma me olhou.

Seria pretensão registrar este fato com estas palavras, mas nego-me o direito de mentir a meu respeito.
É apenas um olhar furtivo, assim miúdo, mas é um olhar ao meu. 

Nenhum dos outros seis percebia nossa conexão, tampouco meu desespero. 
Enquanto espero meu nome ser falado, divido a paciência com a incerteza dos olhares vizinhos. 
Mas o olhar dela, farol intermitente, acelera o meu pulsar, todos eles, mas nunca o meu ponteiro. 
 "Seria apenas minha imaginação?"
Que todos os entediantes momentos de espera cheguem aos meus dias futuros nesta doce dúvida...!

Aos poucos, outras faces se apresentam. 
Novas almas ocupam os mesmos assentos. 
Mas aquele farol permanece... e misterioso... e repetidamente meu. 
Belo ser em tão boas medidas, que ignoro a atmosfera me furtada. 

Mas o nome dela, que tanto quis conhecer, materializou-se. 
Um rápido cruzar a sala e pronto: não mais a vejo. 

Sinto agora roubado cada um de meus pensamentos. 
De procurar conexões, me perdi e não venci. 
Meu relógio segue, ao contrário de mim. 
Sou o mesmo eu e outras almas. 
Um pouco mais confuso e sem faróis ladrões de ar. 

"Sala de espera da felicidade".
Talvez eu esteja no lado errado. 
Agora tanto faz se ouço ou não o meu nome ser chamado. 

::.

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::. 

Pós-Scriptum:
A vida é curta, vazia e sem sentido. Cabe a nós dar-lhe algum significado e enchê-la com coisas de que gostamos. Aproveite as oportunidades e as pessoas, pois elas se vão. Há outra vida de esperança e felicidade do outro lado da sala'? Não sabemos... Tanto faz... Faça com que esta seja a festa que nos resta.

::.

Amor dividido pelo inteiro

::.

}
Recostado em teu peito, ouvi outra vez teu coração. 
Mas aquele costumeiro 'tum-tum' mostrou-se diferente. 
Um dos 'tuns' pareceu não ser pra mim. 

Como pode se sentir 
em um mesmo respirar 
dois movimentos tão diferentes? 
A quem pertence teu inspirar 
e a quem teu suspirar? 

O tempo inteiro 
você só se deu pela metade 

Como pode se ouvir 
em um mesmo bater de coração 
dois sons tão diferentes? 
Como posso dormir 
com o barulho ao meu lado? 

O tempo inteiro você só se deu pela metade 

Como pode se aquecer 
em um mesmo abraçar 
dois braços tão diferentes? 
Seu esquerdo nem me dá o direito de protestar 

O tempo inteiro você só se deu pela metade 

Teu meio-respirar 
Teu meio-palpitar 
Teu meio-abraçar 

Agora são meus meios de te esquecer por completo 

::. 

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::.